Coincidência Artificial
Algo não está saindo exatamente como imaginávamos
A lógica da existência é a eterna busca por algo sempre “melhor”. Amanhã serei uma pessoa melhor do sou hoje. Amanhã terei mais motivos para ser feliz do que tenho hoje. Em resumo, queremos alcançar sucesso, felicidade, prosperidade e satisfação. E se a ideia é que as coisas ao nosso redor existem para nos ajudar a alcançar tudo isso, as redes sociais, a internet, a inteligência artificial, a tecnologia, em fim, estão aí para nos aparelhar com ferramentas que facilitem essa busca, não é?
Em certa medida, sim! Sem dúvida! Mas tem algo que não está saindo conforme planejamos e essa ficha não caiu.
Pense comigo: você fica um tempão nas redes e quando decide largar o celular você está mais feliz, triste ou indiferente?
E quando consegue ficar longe das redes, fazendo qualquer outra coisa que você fazia antes de elas existirem, fica mais feliz, triste, ansioso ou indiferente?
Minha aposta é na indiferença e na ansiedade em primeiro lugar, depois a tristeza e, por último, a felicidade.
Um fato: o algoritmo não foi treinado para lhe fazer feliz, mas apenas para segurar você por mais tempo ali e, preferencialmente, comprando algo.
Se você curtiu um post de gatinhos, logo vem uma enxurrada de produtos voltados para os bichanos. Você acaba comprando e não se sente necessariamente feliz com isso. Pelo contrário! Quando chega a fatura do cartão o arrependimento vem acompanhado de promessas de gastar menos… Mas aí as promoções da Schein já fazem você esquecer as promessas, que serão renovadas quando chegar a próxima fatura.
Claro que existem posts muito legais e edificantes nas redes, mas o algoritmo não está interessado neles, então você percebe que esses posts sumiram da sua time line, mas os novos sabores de comida para gato, seguem aparecendo em profusão. Eles fisgam você mais facilmente.
Um post filosófico dá um trabalhão à inteligência artificial. Gasta mais energia e tempo para decifrar…
Mas voltemos aos nossos sentimentos. Já está provado que notícias ruins - ou que nos causam revolta - tem muito mais engajamento. Elas tem mais comentários, curtidas e compartilhamentos do que as coisas bacanas ou edificantes.
Para entender melhor as razões disso, recomendo a leitura da Máquina do Caos, de Max Fischer.
Mas, basicamente, é que isso faz parte da nossa natureza. Alimentar ódio ou revolta por algo (ou alguém) nos mantém mais tempo conectados e quando, finalmente, decidimos deixar de lado o celular, o gosto amargo segue em nossas bocas. A indiferença faz parte dele. A apatia vem logo em seguida e terminamos o dia restringindo nossa alegria a uma selfie no Instagram, onde o sorriso é obrigatório mas a alegria sincera não.
Se você chegou até aqui, deve estar pensando onde eu quero chegar com todo esse papo chato…
Simples: a alegria está no mundo real. Está no momento presente, cada vez que você mergulha um pouco em si mesmo para fortalecer sua autoestima e os bons sentimentos. A alegria está nos amigos e na família que estão ao alcance da mão, do toque, do abraço, do afeto. Levante os olhos e observe demoradamente a pessoa que está ao seu lado. Suas feições, seus gestos. Ouça sua voz. Faça a mesma coisa em frente ao espelho. Observe, compreenda, tolere, sorria para você mesmo, e não para uma foto que você não faz a mínima ideia quem irá ver.
Aumente muito as curtidas da vida real pois são elas que vão construir suas memórias mais felizes, afinal de contas, elas não ficarão soterradas por anúncios da Shopee.
P.S. - O uso de uma imagem gerada por IA contém ironia.



Thedy, às vezes penso que você lê meus pensamentos?? rsrsr uauuu!!! Você disse uma grande verdade! Graças a Deus, estou menos nas redes sociais e agora trabalhando com público, vejo gente converso muito mais agora... curto meu pai quando estou em casa pq quando estamos trabalhando não podemos ficar o tempo todo no aparelho, quando temos tempo, principalmente eu, aproveito para olhar envolta de mim as pessoas e seus comportamentos. É triste como as pessoas estão tão apegadas as redes sociais que esquecem de viver a vida e as pessoas que convivem perto delas. Dou graças a Deus, pelo meu pai não saber de querer aprender a mexer no celular... só o básico. Parabéns pelo seu texto!!!👏👏 💙